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Superfícies paramétricas bicúbicas em 3D
Superfícies bicúbicas paramétricas são uma generalização das curvas cúbicas paramétricas. Para induzir a sua notação matemática vamos nos lembrar primeiramente da forma geral de uma curva paramétrica , onde a matriz M pode adquirir diferentes formas, dependendo se temos uma curva de Hermite, Bézier ou Spline.
Se nós, por uma questão de conveniência notacional, substituirmos o parâmetro t por s, podemos expressar a fórmula anterior da seguinte forma: , o que não muda nada.
Porém, já que estamos trabalhando com pontos representados em um espaço tridimensional, se permitirmos que os pontos definindo G variem ao longo de algum caminho que é parametrizado em t, podemos expressar Q(s) como uma família de curvas parametrizadas por t:
Agora, se tomarmos um valor fixo t1 qualquer de t, a equação Q(s,t1) é simplesmente uma curva em 3D porque G(t1) é uma constante e Q vai variar apenas ao longo de s.
Se permitirmos que t tome um valor levemente diferente t2, onde o valor de t1-t2 é bastante pequeno , Q(s,t2) será uma curva levemente diferente.
Se repetirmos este processo para um conjunto arbitrário de valores de t entre 0 e 1, estaremos definindo uma completa família de curvas, cada uma delas arbitrariamente próxima da anterior, dependendo de quanto t variou.
O conjunto de todas estas curvas define uma superfície curva. Se as matrizes Gi(t) definirem por sua vez também curvas cúbicas, estaremos descrevendo uma superfície paramétrica bicúbica, que se comporta como uma família de curvas de Hermite, Bézier ou Spline (dependendo de G(t)) tanto no sentido de s como no de t.
Se assumimos que as Gi(t) são cúbicas, cada uma delas representada por sua vez através da equação (que nós já conhecemos), onde
(Usamos G e g em negrito para diferenciar estes valores representando as matrizes de geometria das funções G(t)).
Aqui, gi1 é o primeiro elemento do vetor de geometria no sentido t da curva (Hermite, Bézier ou Spline) Gi(t) e assim por diante.
Se transpusermos a equação usando a regra de identidade
, teremos como resultado:
Superfícies Bicúbicas de Hermite em 3D
Superfícies de Hermite podem ser completamente definidas por uma matriz de geometria 4×4 GH.
Relembrando a definição das Curvas de Hermite em 3D:
Se tomarmos cada uma das equações de eq. 1 e substituirmos t por s, para obter , teremos expresso uma curva de Hermite em termos de s.
Se agora supusermos que não é constante, mas sim que varia em função de t, podemos reescrever:
As funções P1x(t) e P4x(t) definem as componentes em x dos pontos iniciais e finais para a curva no parâmetro s. Similarmente, R1x(t) e R4x(t) são apenas vetores tangentes nestes pontos.
Na figura abaixo pode-se observar uma superfície de Hermite definida por duas “bordas” dadas por P1(t) e P4(t) e um conjunto de cúbicas s que são definidas nos pontos t= 0.0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1.0. O “retalho” de superfície é basicamente uma interpolação entre Q(s, 0) e Q(s, 1) com passo 0.2 definido em t.
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Para podermos definir melhor como funciona uma superfície bicúbica, representemos P1(t), P4(t), R1(t) e R4(t) na forma de Hermite como:
Assim, vemos que podemos definir um ponto qualquer sobre uma superfície de Hermite em função de duas matrizes de parâmetros S e T, representando t³, t², t, s³, s² e s.
As três matrizes 4×4 têm o mesmo papel numa superfície de Hermite que tinha a Matriz GH para curvas.
Os significados dos 16 elementos de podem ser compreendidos se tomarmos por base (eq. 2) e (eq. 2):
a) O elemento g11x é x(0,0) porque é o ponto inicial P1x(t), que por sua vez é o ponto inicial para x(s,0). Da mesma forma, g12x é x(0,1) pois é o ponto final de P1x(t), que por sua vez é o ponto inicial de x(s,1).
b) Além disso, g13x é δx/δt(0,0) porque é o vetor tangente inicial para P1x(t) e g33x é δ²x/δsδt(0,0) porque é o vetor tangente inicial de R1x(t), que por sua vez é a curvatura inicial de x(s,0).
A disposição destes vetores está exemplificada pela figura abaixo.
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Usando estas interpretações podemos reescrever da seguinte forma:
Podemos interpretar da seguinte forma:
- A porção 2×2 superior esquerda contém as coordenadas x dos quatro cantos da superfície.
- As áreas 2×2 superior direita e inferior esquerda contém os vetores tangentes ao longo de cada direção paramétrica (s e t respectivamente).
- A porção 2×2 no canto inferior direito contém as derivadas parciais simultaneamente a s e t. São chamadas de twist (virada) porque quanto maiores, maior será a “orelha de burro” no canto da superfície.
Dados para definir os valores de ficam por conta do usuário, da mesma forma que ficava em
nas curvas. As considerações de continuidade de superfícies adjacentes são as mesmas das curvas.
Superfícies bicúbicas de Bézier
Superfícies bicúbicas de Bézier podem ser formuladas derivando-se-as exatamente da mesma maneira que as superfícies de Hermite. Obtemos:
Uma matriz de geometria de Bézier consiste de 16 pontos de controle.
Superfícies de Bézier são interessantes para aplicações de engenharia pelas mesmas razões das curvas: São definidas somente por pontos (descrição intuitiva) e passam através de alguns de seus pontos de controle, permitindo um controle exato de seus limites. Na verdade, uma superfície de Bézier passa pelos quatro pontos de controle extremos: P11, P14, P41 e P44.
Continuidade C0 e G0 ao longo das bordas das superfícies é obtida fazendo-se os quatro pontos de controle comuns ao longo da borda serem iguais. A continuidade G1 ocorre quando os dois conjuntos de quatro pontos de controle em cada lado da borda são colineares com os pontos da borda. Isto é exemplificado na onde temos (P13, P14, P15), (P23, P24, P25), (P33, P34, P35) e (P43, P44, P45) como conjuntos de pontos, cada qual sobre uma reta.
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Superfícies B-Spline Bicúbicas
De forma similar às superfícies de Bézier, representamos uma superfície B-Spline bicúbica através de um conjunto de pelo menos 16 pontos de controle. Para cada segmento de uma B-Spline bicúbica, representamos a superfície através do sistema:
As B-Splines são extremamente práticas no que diz respeito à continuidade: Em função de sua definição, a continuidade C² é garantida ao longo de qualquer número de B-Splines bicúbicas contíguas.
Nenhum tipo de arranjo especial é necessário, a não ser o cuidado de não duplicar pontos de controle, o que provoca descontinuidades e “dobras“.
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Desenhando superfícies bicúbicas
Podemos utilizar as mesmas duas filosofias básicas das curvas para a plotagem de superfícies bicúbicas: a) Cálculo iterativo ou b) subdivisão progressiva. Destes, o cálculo iterativo possui a vantagem de permitir-se começar em qualquer lugar da superfície (o que é útil em caso de superfícies parcialmente clipadas) e de prover um algoritmo incremental extremamente rápido que somente utiliza somas, o algoritmo das forward differences, que já foi visto.
Para a plotagem através de um dos dois algoritmos iterativos, basta fixar um dos parâmetros (s ou t) e variar o outro de 0 a 1, de forma que se plota uma curva de cada vez. Pode-se definir um passo fixo em s e depois em t e plotar as várias curvas formando um grid.
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A seguir serão apresentados os dois algoritmos já vistos para curvas (plotagem direta e plotagem iterativa através de forward differences) adaptados para curvas e expressos em sintax eda linguagem “C”.
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